26 de set. de 2006

Todo poder emana do povo


Mal posso esperar pelo próximo final de semana.
Sendo eu cidadão de um país democrático e levando em conta que não tenho em quem votar, ficarei detido em minha casa, até a hora infeliz de me dirigir a zona eleitoral e após uma longa espera numa fila (se tudo correr bem) ter o trabalho de inventar um número inválido para todos as modalidades de pilantras candidatos.

Isso porque ninguém teve a ideia de se criar a tecla NÃO, OBRIGADO ou PASSO ou ANULA. O gasto com plástico na produção de milhões dessas teclas iria onerar os cofres públicos.

Também estou proibido de consumir minha birita no bar com os amigos 24 horas antes e 24 depois das eleições, enquanto me concentro para exercer meu direito de anular meu voto. Pode ser que uma briga acalorada sobre quem é o mais honesto resulte em tragédia. Por isso é prudente evitar.

O curioso é que eu posso cometer um crime! Se escapar do flagrante, tenho 7 dias para fugir para bem longe. Isso porque sou um reles eleitor. Se fosse candidato, o mesmo artigo 236 do Código Eleitoral me daria 15 dias.

Fico pensando: Ser obrigado a votar combina mais com ditadura do que democracia. Quer dizer que se eu tenho um direito, tipo comer o que quiser, sou obrigado a comer uma pratada de merda?

Ah! sim , claro, posso não ir mas também não recebo salário, não faço matrícula em faculdade e nem concurso, não saio do país e mais uma porção de penalidadezinhas só para eu ficar ciente de que eu tenho um direito.

Puxa! Quanto esforço do Estado para me lembrar de um direito tão sublime.

5 bestaram:

Saramar disse...

Jorge, boa tarde.
Vim rapidinho só para dizer que tenho certeza que aquela grosseria no meu blog não foi escrita pela Luma. Ela é uma pessoa educada, inteligente, sofisticada e jamais faria isso. Deve ser alguém usando o link dela.
Isso já aconteceu comigo.
Vou avisá-la e depois volto para comentar.

beijo

Saramar disse...

Jorge, boa noite.
Eu sou contra o voto nulo ou branco. Porém sei o quanto está difícil escolher.

Você tem razão quando lembra como nossa democracia é diferente das outras, ao obrigar ao voto.
Dizem que, se não for assim, ninguém iria votar, mas não acredito nisso. O problema, claro para nós, é que se nao for assim, bolsa-esmola, por exemplo, não teria voto.

beijos e boa noite.

Anônimo disse...

è Jorge estamos sem "eiranem beira", diria meu velho avô... mas vai terminar bem, eu aposto nisso! :-) bjs

Kafé Roceiro disse...

Ô amigão,
que massa seu post. Foi uma latada na cabeça logo de manhã. É um direito cheio de penalidades, né? Foi profunda sua análise e muito esclarecedora, principalmente pra nós que somo mais burro, tipo eu...
Valeu mesmo!

Al Berto disse...

Olá Jorge:

Essa é uma lei que, futura e inevitavelmente, irá parar no "caixote do lixo" da democracia.
Não faz sentido, e até é um contracenso, usar a liberdade democrática para implicitamente a negar com essa lei.

Votar é um direito e um dever cívico, nunca uma obrigação a penalizar.

Um abraço,